Autor de I”s e Video Girl aí deixa o romance de lado no novo mangá da JBC.
A editora JBC, finalmente traz ao Brasil a obra máxima de Masakazu Katsura: Zetman. A mesma editora que trouxe ao Brasil outros dois trabalhos do autor – Video Girl Ai e D.N.A.² – aposta no mangá em seu line-up de 2015. Apesar de alguns contras, no geral podemos dizer que foi uma boa investida da editora, e que Zetman é um mangá que faria falta para o mercado nacional caso demorasse ainda mais para seu lançamento.
Apesar de não concordar totalmente com a verdade levantada de que Zetman seja a obra máxima de Masakazu Katsura – particularmente acredito que I”s tenha um peso enorme na carreira do autor – por muitos motivos (entre eles o fato da história simplesmente não ter um final, com a chamada segunda parte que sabe-se lá quando o autor dará início), é sábio reconhecer todos os muitos pontos positivos no mangá, e que pretendo listá-los nos seguintes parágrafos.
A HISTÓRIA
Kanzaki é um cientista que trabalha no projeto de criação de “Players”, que um dia acaba saindo do controle e o faz decidir abandonar essa vida. Ao fugir, leva em seus braços uma criança que guarda poderes ocultos. Anos se passam e essa criança chamada de Jin, vive nas sombras de um passado sem pais, e somente com as lições de vida de seu “avô”, que sempre o ensinou a não usar a violência e a esconder a marca em sua mão, o chamado “anel de anjo”.
Porém, um companheiro do passado de Kanzaki, Mitsugai, continua sua incessante busca pelo doutor e pela ganância do projeto Z.E.T. Um dia, uma misteriosa criatura aparece e mata Kanzaki, deixando Jin sozinho e em sua jornada na qual começa a se descobrir ao lado de Akemi, uma garota que começa a cuidar do garoto após a morte de seu avô. Em uma situação de periculosidade, Jin desperta seu verdadeiro poder e percebe por si só que não é um humano comum, se transformando em uma criatura poderosa e misteriosa. Quem será Jin? O que serão seus poderes? O que Mitsugai quer com ele? Qual será a interferência da uma amizade de Jin com os netos de Mitsugai – Kouga e Konoha?
CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
Zetman é um mangá seinen de autoria de Masakazu Katsura e conta com 20 volumes compilados que compreendem a “primeira fase” do mangá, segundo o autor. Ele foi publicado desde 2002 na revista Young Jump e teve o final dessa primeira parte em 2014. O mangá ainda recebeu uma (péssima) adaptação animada em abril de 2012 nas mãos do estúdio TMS (que até então havia adaptado o excelente Saint Seiya – Lost Canvas). Não existe previsão para uma continuação da história por parte do autor.
Depois de um descartável anime em 2013, Zetman acabou sendo fadado ao momento em que o mangá chegaria ao país para as devidas comparações. E as diferenças positivas surgem muito rápido, dando a certeza que a experiência no papel é muito mais aproveitável.
Começando sem falar na arte incrível de Katsura, que evolui a cada edição e que torna todo o mantra de leitura da obra uma sensação ainda mais prazerosa. Páginas cheias com ilustrações de tirar o fôlego e que te prendem apenas ao olhar. Expressões vivas de personagens, character design atraente, vestuário, detalhes… Tudo é um verdadeiro deleite. A narrativa visual conduz todo o processo de leitura com maestria, e nesse sentido, de fato, Zetman se consagra como o ponto máximo da carreira de Katsura (na mesma época do lançamento o autor também foi responsável pelo character design de Tiger & Bunny e também mostrou todo o seu dom).
Mas é isso.
Você está dizendo que a história de Zetman é ruim?
Obviamente não. Zetman é um excelente mangá. Uma obra que com certeza merece a leitura, com ou sem a sua segunda parte. Mas não alcança o patamar de espetacular que eu esperava em sua leitura. Ao ser levantado como a obra máxima de Katsura, esperava mais. Novamente: esperar mais não necessariamente quer dizer que o mangá seja dispensável. Não confundir. Grato.
Se você acredita que o fato de um mangá ser seinen ou de muito sangue escorrendo pelas páginas significa isso, devo lhe dizer que não. Zetman te proporciona uma empolgante história. Bem construída. Mas que ainda assim você sente falta de algo mais… Intenso.
Mas então o que esperar de Zetman?
Um mangá que te entrega aquilo que se propõe de maneira eficiente. E é aqui que o autor coloca sua experiência a prova ao mostrar para muitos artistas iniciantes o real motivo de ser um mangaka renomado.
É necessário falar de toda a construção feita em cima do trabalho e da execução do mesmo. A obra de Masakazu Katsura se utiliza muito bem transformando um anti-heroi em protagonista de forma bem madura. Zet não é o bem estampado (não até entendermos seus poderes, mas isso não será dito para evitar spoilers), mas não é o mal. Aliás, não só Jin, como todos os outros personagens do mangá buscam a todo instante uma resposta entre o que significa o bem ou o mal. O certo e o errado. O paralelo de ideais de Jin e Kouta é um dos pontos mais claros dessa disputa de valores.
A ambientação do mangá também é sensacional. Todo o contraste feito na construção de cenários e composição utilizada para demonstrar os lados sociais que existem dentro do mangá consegue passar com facilidade a ideia de segregação, de “mundos diferentes” e de uma luta de classes.
A EDIÇÃO NACIONAL
Zetman chegou pela JBC em junho de 2015, custando R$17,50, com páginas coloridas, impressão nas capas internas, papel jornal 52g de média alvura – um pouco inferior ao que vinha sendo utilizado nos outros mangás da editora e que acabou sendo “forçado” a troca devido ao custo e importação da marca anterior por parte da gráfica -, periodicidade mensal e formato 12x18cm. Com exceção do papel, do verniz existente na capa japonesa e do formato (coisa mínima, apenas um centímetro maior no japonês, 13x18cm), a edição segue os padrões originais, mantendo onomatopeias (palmas para a editora que manteve uma diagramação muito mais clean, se valendo de legendas pequenas e melhores localizadas em comparação com títulos anteriores da mesma) e sem grandes problemas de edição – foram escolhidas poucas fontes aqui, não causando aquela salada de tipografias. As adaptações e expressões utilizadas também não comprometem a leitura.
O grande ponto levantado negativamente pela edição veio justamente pelo valor cobrado do mangá. R$17,50 por um quadrinho mensal – mesmo que com cerca de 240 páginas por edição – ainda é algo que inflaciona o bolso dos compradores. Provavelmente não da pessoa que compra 50 títulos em um mês e que adquire aquilo que gosta independente dos revés, mas possivelmente do estudante que depende de dinheiro dos pais e de alguma economia prévia. No fato ocorrido, tudo aponta que o valor cobrado se reflete no possível alto preço da licença do material. Além disso, a infeliz coincidência da queda de qualidade do papel justamente em seu lançamento, ocasionou uma série de questionamentos por parte de seus leitores. A inflação (que de fato existe, mas que muitos não levam em conta no cálculo final) acabou transformando os preços dos mangás da JBC em variáveis, rendendo comparações com outros títulos da editora. Veremos se o valor de capa não se altera até o seu fim.
CONCLUSÕES FINAIS
Particularmente, acho Katsura a melhor representação do shounen romântico com I”s e Vídeo Girl Ai. Mesmo D.N.A.² só consegue dar alguma importância para a parte do romance do protagonista. Zetman era um desejo antigo do autor de virar série, desde meados da década de 90 (ano de 1994 pra ser mais exato), e foi em 2002 que tal vontade conseguiu vir à tona. E ele surpreende e mostra porque é um dos melhores mangakás de todos os tempos, completo e versátil. Como disse anteriormente, ele entrega o que promete: uma história envolvente, com mistério, incríveis cenas de ação e personagens eficientemente bons – incluindo os protagonistas, parte importante da história (não é, Tite Kubo?).
Zetman é um ótimo título que chega na boa leva de mangás anunciados pela JBC em 2015, com certeza acima da média em comparação com parte dos outros. Apesar de seu preço um pouco “salgado” para o padrão do consumidor nacional, é uma aquisição válida em eventos e situações com desconto. Além disso, não busque em Zetman a obra máxima como pode ter sido pintada. Grandes expectativas geram decepções maiores ainda. Leia abertamente e encontre um mangá com muita ação, uma boa trama e a arte maravilhosa de Katsura.
FICHA TÉCNICA
Título: ZETMAN (超魔人)
Autor: Masakazu Katsura
Editora: JBC
Total de volumes: 20 (1ª parte concluída)
Periodicidade: Mensal
Valor: R$ 17,50 (assinatura dos 20 volumes com 10% de desconto)
Pontos Positivos
- Roteiro bem construído;
- Arte sensacional em todos os aspectos;
- JBC fez um trabalho acima de sua média com o processo de letras e diagramação.
Pontos Negativos
- Preço um pouco deslocado para um mangá mensal;
- Grandes expectativas podem estragar o que o mangá entrega;
- Sabe-se lá quando ou se o autor fará a segunda parte da obra.
Nota Volumes 1 ao 3: ★★★★
“Sabe-se lá quando ou se o autor fará a segunda parte da obra.”
Isso pra mim deveria ser ponto positivo. Tomara que ele nunca continue e vá pra vala logo. Imagina pagar R$17,50 por mais 20 volumes além desses? Já está sendo um sacrifício continuar o mangá por enquanto… mas compro porque gosto muito da obra e o trabalho da JBC na edição está bom. O papel pode ser brite 52g, mas o da edição 3 é bem similar ao de Green Blood, parece ser mais grosso e mais branco do que o normal. Pena que foi logo na edição com menos páginas até o momento (a #3 teve 252, já a #2 teve cerca de 272~280). Quero ver isso numa edição com bastante página. Ademais, concordo com a resenha. Zetman é uma obra boa, mas se criar expectativas demais, vai acabar se decepcionando.
CurtirCurtir
@lucassm16 meu véio, como estás tu? Tranquilão??
Pow cara, única observação negativa no teu comentário é justamente dizer “Tomara que ele nunca continue e vá pra vala logo” acerca do que você acha ser um ponto positivo…u_u
Sinceramente, achei isto lamentável. Um mangaká faz uma obra como esta que te entretém e é isto que você deseja para ele?? O.o
E outra coisa, 17,50 é o preço de hoje… quando, E SE, a segunda parte chegar aqui, podes ter a certeza de que o preço será ainda mais salgado.
Para mim, o negócio é saber se esta 1ª parte realmente fecha a história de maneira que não fique dependendo total e exclusivamente da 2ª. Pois se ele não vier a fazer a 2ª parte, coisa que não acredito, pelo menos teremos uma história fechada de maneira plausível.
CurtirCurtir
Exatamente isso que estou contando. Não conferi o final da primeira parte por scans, mas espero que conclua a série de maneira satisfatória pelo menos.
Admiro o trabalho que ele criou, só estava zoando sobre ele ir pra vala :v
Eu acho que nem teria dinheiro para uma segunda parte dependendo de quantos volumes forem, então… rs’
CurtirCurtir
Huummm… entendi. Então faltou algo no comentário anterior para passar este tom que você quis imprimir, mas beleza então.=)
Vamos aguardar né? Este é um mangá que vai passar rápido por aqui, mas que vai demorar muito para eu ler. Talvez até lá ele já tenha começado a 2ª parte. xD
CurtirCurtir
Vocês poderiam me informar se o final da primeira parte é conclusivo? Estou pensando em comprar, mas não gosto de colecionar mangá de pontas soltas, que o diga a publicação de shaman king.
CurtirCurtir
único problema, para mim, foi a qualidade mesmo, ser era para ser esse valor! que a qualidade fosse igual ao manga Sailor Mon…
CurtirCurtir
Para mim. A obra máxima desse autor será eternamente Video Girl Ai.
CurtirCurtir
Gosto muito de Zetman. Espero que o Katsura não dê uma de Kentaro Miura e termine o manga em breve.
CurtirCurtir
Desculpa @Marcos, mas… em breve não deve ocorrer não…
CurtirCurtir
Só um adendo 😉
Quando tem um monte de fontes diferentes, é porque o mangá original tem um monte de fontes diferentes em japonês, pra refletir um monte de intenções/emoções/tons de voz diferentes (Soul Eater, Love Hina, etc.); e isso é um trabalho que a JBC faz há um tempo de refletir o mangá original da melhor maneira possível.
Zetman tem menos porque o autor usa menos (talvez por ser um aturo oldschool? é um chute). Por isso, ficou mais clean.
CurtirCurtir
aturo = AUTOR
(eita…)
CurtirCurtir
O negócio dos players serem criados como forma de entretenimento foi meio spoiler… o mangá está no terceiro volume e n apareceu isso ainda =\
CurtirCurtir
Oi, Priscilla! Peço desculpas se foi spoiler pra ti. Na verdade é uma sinopse bem comum por aí e foi a mesma utilizada no anime, praticamente. De qualquer modo, isso não vai te influenciar no gostar e nem no desenvolvimento da história, ok? Pra evitar confusões eu já substitui a sinopse por uma modificada. Um abraço!
CurtirCurtir
Oi Dih, é que eu conheci o mangá pelo mangá mesmo. Não vi o anime nem tinha lido resenhas nem sinopses. Li os primeiros capítulos em uma scan, gostei e agora estou colecionando. Foi realmente novidade hahaha
Mas tudo bem, como vc disse, não vou deixar de ler ou gostar por causa disso.
Abraços!
CurtirCurtir
Também acho incrível o desenho do autor, mas poxa, até na edição japonesa ele ser pequenino assim é sacanagem pra quantidade de detalhes que o autor faz, devia pelo menos ter o mesmo tamanho de Green Blood… ainda mais pelo preço. Até comprei o 1º volume (com desconto o/) mas acho que esse vou deixar passar, já tenho muitos outros mangás que preciso completar a coleção XD
CurtirCurtir
Ótima resenha @Dih, parabéns. =)
Agora, já que estou aqui, não custa perguntar… cadê os posts do LukLukas que eu não vejo mais por aqui?
CurtirCurtir
Nada demais, só conflito de tempo mesmo. Assim como eu que mal apareço.
CurtirCurtir
Pingback: Checklist – JBC: Agosto de 2015 | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Resumindo essa review:
huahauhauhaua
Mas sério, eu achava Zetman incrível quando começou a ser publicado… depois que revelou toda a história dos players e evol e tal eu achei que a história se perdeu um pouco (mas sempre achei que eu que tava perdido na história, por que saía capítulo novo a cada 3 meses e eu já tinha esquecido o que tinha se passado antes! huahuahua Mas acho a relação Jin – Kouga sensacional. E lembro que o K2R sempre quis fazer um mangá de super heróis mesmo! =)
CurtirCurtir
Pingback: Checklist – JBC: Setembro de 2015 | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Pingback: Checklist – JBC: Outubro de 2015 | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Pingback: Checklist – JBC: Novembro de 2015 | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Pingback: Checklist – JBC: Dezembro de 2015 | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Pingback: Checklist – JBC: Janeiro de 2016 | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Pingback: Checklist – JBC: Fevereiro de 2016 | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Pingback: Review – All You Need Is Kill, de Obata, Takeuchi & Sakurazaka | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Pingback: Checklist – JBC: Março de 2016 | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Pingback: Checklist – JBC: Abril de 2016 | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Pingback: Checklist – JBC: Junho de 2016 | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Pingback: Checklist – JBC: Agosto de 2016 | ChuNan! - Chuva de Nanquim
Pingback: Checklist – JBC: Outubro de 2016 | ChuNan! - Chuva de Nanquim